sábado, 5 de fevereiro de 2011

Mim não conjuga verbo

Metalinguagem linguística
- Mim não conjuga verbo?
- Não, mim é pronome oblíquo, não serve de sujeito, portanto, não conjuga verbo.
- E por que dizer "ele trouxe água pra mim beber" é errado?
- Ué, pelo motivo que expliquei, mim não conjuga verbo, o certo é "eu beber". Eu é pronome pessoa do caso reto, serve como sujeito.
- Desde quando o verbo beber está conjugado? Beber é verbo em infinitivo. Claro que é uma barbaridade dentro da língua dizer "mim encontrei um amigo" ou "ti encontraste um amigo", mas se o verbo está no infinitivo, não está conjugado.
- É...
- Inventa outra, Pasquale.

Não mintam para as crianças, não acreditem nas fórmulas prontas destes gramáticos normativos. Adiramos à campanha "Previna-se contra as más línguas"

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Ajude os verdadeiros heróis

Não ligue para o BBB, ligue para a Defesa Civil do Rio de Janeiro: (0xx)21 3399-4219.
Quem dera o "Paredão" fosse levado no sentido cubano.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

DILMA: MULHER INDIGESTA!

Quero fazer um apelo a quem, por um descuido, ler este blog. Vote na Dilma.
Depois de uma eleição em que achávamos que seria um plebiscito para decidir entre Dilma e Serra e que, provavelmente teríamos a eleição da petista no primeiro turno, tivemos uma enorme surpresa democrática: Dilma com pouco mais de 46% dos votos e Marina Silva com 20%. Serra não surpreendeu. Outra surpresa grata foi o candidato Plínio de Arruda Sampaio do PSOL, que apareceu na metade final da campanha e fez presença em debates, apareceu nas pesquisas e teve o melhor desempenho, a meu ver, de todos os candidatos.
Enfim, resta-nos Dilma e Serra. Em nenhum momento cogitei votar em Serra.Ainda mais com o governador eleito Tarso Genro, do PT. Mais uma vez um governador gaúcho de partido de oposição ao presidente não dá. É assim desde 1999, quando eu dançava pagode com a turma do ensino médio, o governador Olívio Dutra, personagem política caríssima e da maior decência, fazendo frente aos governo Fernando Henrique, reeleito em primeiro turno (façanha não conseguida nem pelo Lula). EM 2002, quando foi eleito Lula,veio a ostra Germano Rigotto do PMDB, um governador que, se por um lado parecia ético, por outro não apareceu, não fez diferença nenhuma.
Bão, daí veio o golpe fatal da sociedade gaúcha: Yeda Crusius. Lula com 85% de aprovação e o estado mais politizado do Brasil elege a tucana paulista mais salafra que eu já vi.
Agora que o povo acertou a mão, votando no Tarso, que é criticável, diga-se de passagem, mas que ainda é o que temos de melhor, paira um fantasma de possível derrota da Dilma. Por isso que eu peço VOTEM NA DILMA pro nosso estado poder crescer depois de tanto tempo de falta de um bom e direto diálogo com o governo federal. VOTE NA DILMA porque ela vai pagar o piso nacional dos professores (O SERRA NÃO VAI PAGAR, TENHO CERTEZA!). Peço isso porque sei que se o professor chora hoje, a sociedade chora amanhã. VOTEM NA DILMA porque ela não terá no seu ministério, figuras como a Kátia Abreu. VOTEM NA DILMA porque ela é mais inteligente e coerente que o Lula. Pensem nos ministros de Serra e VOTEM NA DILMA. Temos que acabar de vez com essa cambada do PSDB que só atravanca nosso progresso social.
Além disso, é necessário um pouco de consciência de classe da minha parte: DILMA É UMA MULHER INDIGESTA!

domingo, 20 de junho de 2010

Agora que Saramago já é cinza no fundo das águas das Ilhas Canárias e nos campos do Ribatejo, resolvi fazer-lhe uma pequena homenagem. Homenagens quando da sua morte foram muitas, e optei por não tocar no assunto quando era muito recente. Não sei porque sinto que prestar estas homenagens póstumas (alguém aí já descobriu o antônimo de póstuma?) é piegas, e pode parecer superficial e leviano. Mas não é.
Só quero compartilhar uma experiẽncia de leitura do Evangelho. A edição que li tinha aspecto de Bíblia, capa verde-escuro, letra gótica, em dourado. Nem é preciso ser o Professor JOão MAnuel pra fazer a comparação da capa com o texto. Bom, lá estava eu, lendo a versão subversiva do Evangelho, quando, no meio da ambientação perfeita da Palestina dos tempos de Cristo, sentindo o vento do deserto, o cheiro do Jordão, o Diabo fala a Cristo que talvez Deus seja apenas um dos heterônimo de Pessoa. É tão forte essa volta ao presente, essa intromissão de Pessoa na história de Cristo, é tão profundo o estado de absorção naquela história, que parece que sim, Deus existe e conhece Pessoa. Em nenhum momento o autor é intruso, não se faz nenhum gancho com a posteridade, ele mostra todo o poder de Deus e do diabo sobre o tempo que traz a figura de Pessoa e seus heterônimos como cousa (homenagem) conhecida. É uma maneira de santificar Pessoa, de atribuir-lhe uma santidade, um reconhecimento divino.Saramago era mesmo especial. Ainda bem que não morreu. A obra dele tá aí. Piegas, mas muito verdadeiro.
De resto, é só se confortar pela sua morte serena, tranquila, ao lado dos familiares, rodeado de glórias, já velhinho. É, Deus não é tão mau com os ateus. Ainda bem, senão estaria perdida.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Língua Portuguesa, última bolachinha do Lácio

Língua Portuguesa, A última bolachinha do Lácio, da geral e glamurosa. Olavo Bilac deu um duplo twist carpado no seu venerável caixão. Felizmente, a língua é dos vivos.
Por motivo de minha velhice precoce (nasci com 60 anos), tem coisas que já não aturo. Por exemplo,falar o tal de possui. Num jornal da minha cidade todas as pessoas possuem 30 anos, possuem faculdade, possuem um sorriso cativante, etc. Eu possuo raiva de quem possui. E logo esse verbo tão pernicioso, que o povo todinho escreve "possue", na terceira pessoa. Ah! Tempos bons em que um homem possuia uma mulher. Hum... Nesse sentido, até acho romântico, semanticamente traz a ideia de posse, um tanto machista, da entrega total da mulher possuída, fica meio erótico, meio politicamente incorreto, eu gosto. Mas possuir simpatia? Credo. Outro sentido desse termo é o de posse da coisa, do objeto. Dá uma ideia de poder, de direito, é uma ideia forte. E a noção de possessão espiritual? Nada mais misterioso e assustador. o diabo possuiu o fulano" Até me arrepiei. Isso é que é possuir! Coitado do fulano! Mas possuir alegria contagiante? É como meu possuidor, o otário, que implica com o verbo "incrementar". Somos dois velhinhos.
A língua é um organismo vivo, está sujeita às leis da evolução das espécies (se diz leis em biologia?) e eu ensino isso para meus aluninhos. Mas não tinha outra coisa pra inventar? Ah, tinha sim. O jogar.
Olhe qualquer programa de culinária e arrepie os cabelos do sovaco com frases: você vai estar jogando açúcar mascavo, aí pega e joga o sal... Jogar sal? E a hipertensão? Tá bom, jogar também pode ser dosar, jogar com o sal e o açúcar, mas os culinaristas (e o resto do mundo) estão arremessando coisas nas tigelas. Coisa de quem não sabe cozinhar. A gente cozinha com amor, mistura, junta ingredientes, jamais se joga ingrediente algum. A língua influencia nosso pensamento, de tanto falar em jogar, daqui a pouco farão embaixadinhas com a forma de furo. Professores Marcos Bagno e Sirio Possenti, desculpem essa discípula ignorante.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Enfim, professora. Gostos e dissabores.

Desde que me tornei uma professora indigesta não havia postado ainda. Tenho postado por aí, nas escolas, ao vivo. HOje me abundo na frente da nova caixa de isolamento social pra contar umas experiências novas sobre esse mundo fantástico da educação pública municipal.
Antes de dar pormenores da atividade docente, é preciso registrar aqui que não se vê mais em vila (pelo menos as daqui do município), aquele ícone dos anos 80 e 90: crianças desnutridas. Não sei se foi o município que cresceu e melhorou as condições de emprego, se foi o bolsa-família, ou o aumento do valor do salário mínimo, o que eu sei é que não existem mais aqueles ranhentinhos estrapilhados com suas protuberantes barriguinhas verminosas choramingando pelos cantos. Quem não se deprimia com aquilo? Quem não se revoltava?
Tem outra coisa que ataca até os profissionais docentes e eu não sei se é boa ou ruim: acabou a etiqueta. Quem aí comenta pra mim o que acha sobre isso? Estou me sentindo conservadora por estar me sentindo um pouco incomodada com isso.
Outra: nós da classe mérdia somos mesmo uns molengas. MInhas alunas do EJA tem 3 filhos, nenhum marido (já pensou se fosse o contrário?), subempregos, viajam 12 km de bicicleta diariamente. Sustentam seus filhos, namoram, trabalham, estudam e se locomovem com um sorriso no rosto. Preciso é ver minha cara quando saio às quintas e sextas de bicicleta pra escola que fica a 3 km de casa. É como se os outros tivesse obrigação de me carregar. O povo é mesmo incrível. Tem muita gente aí que mata um leão por dia. É preciso dar mais valor pro povo. Acho até injusto que eu tenha algumas coisas que esses guerreiros não têm.
O pior é que meus colegas não percebem isso. Criticam esses alunos, acham que é um horror ter filhos que eles mesmos (os pais) sustentam, que é um desaforo o aluno ter merenda. Que o povo tá ganhando bolsa-família parado, sem fazer nada. Não se dão conta que eles só recebem o que lhes é de direito. E que se o governo desse um bolsa-família pra cada professor, eles aceitariam correndo. Como os professores são conservadores! E é isso que me incomoda mais na profissão. Não são todos. Mas eu me sinto um peixe fora d'água. Palavras de Jota Cristo (como diria Falcão, um dos poucos que querem se parecer burros e com isso mostram mais inteligência), Bertolt Brecht (sim), são mote para interpretações preconceituosas e conservadoristas. Isso me assustou um pouco. Mas não são todos. Não são todos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Difícil é ser gaúcho

Gaúcho é aquele que nasce no Rio Grande do Sul.Eita povinho mais bitolado. Uma das razões para essa falta de luzes do sulriograndense é certa emissora de TV entitulada RBS. Afiliada à Rede Bobo, essa emissora regional é cria "cuspida e escarrada" da sua progenitora. Deu vontade de dizer que ela é a perfeita filha da puta, mas sou uma professora de respeito e não digo isso..
Pra quem não é gaúcho, catarinense ou paranaense, é difícl explicar o que é, por exemplo, azedar o almoço de três estados com o ofídico e nauseabundo Jornal do Almoço. Imagine escolher a dedo as bruxas mais ensebadas e mal-trajadas e os mafiosos mais senis e encarquilhados dos piores filmes de terror e vigarice. Esses são os apresentadores do Jornal. Tem uma múmia disléxica e "amedrontada" que faz comentário econômico, um senil que não diz nada com nada e canta durante preciosos dois minutos no comentário esportivo (a gente tem pena, o vovô, coitadinho, não aceita a aposentadoria), uma anoréxica na previsão do tempo. É o circo dos horrores. Horror mesmo é o principal comentarista político, o qual não direi o nome porque acabei de jantar. Um pit bull reacionário de extrema-direita, o cara mais moralista que já tive notícias (eu detesto moralilstas), hipócrita e falso pra c... Isso tudo (e muito mais) em um único jornal eletrônico. As reportagens no interior, notoriamente de encomenda, mostram como o Rio Grande do Sul é branco. Preto, só nas reportagens sinistras sobre o crack. Juro. Não se dá crédito a preto nesse arremedo de jornalismo. O material sobre as colonizações alemã e italiana deve ser o maior do mundo. Sempre vão a uma "simpática cidade do interior, colonizada por alemães/italianos, com farta gastronomia e povo muito alegre e hospitaleiro". A bandalha não pára por aí.
Tem um advogado que apresenta um programa de culinária, misturando o jargão jurídico com bóia. Não estou mentindo. É a Ana Maria Braga de gravata borboleta e anel de pedra vermelha.As receitas, invariavelmente, são coisas óbvias e, esta que vos posta, acha os pratos todos iguais e fáceis demais. Prefiro o Olivier. Hummm...
Tem ainda um jornalzinho sensacionalista apresentado depois do fantástico, com forte apelo sensual. Sempre tem reportagens sobre drogas, sexo, violência.Tudo mesclado com indignação dos apresentadores. O horário (pós-Fantástico) permite que se mostre tudo. Nossa! E misturar esses assuntos estimula a libido do telespectador.Eles sabem disso, e aproveitam.
É claro que os jovens gaúchos, que são skatistas de manhã, emos à tarde e gaudérios à noite, não ficam de fora da programação. Tem um programa que dá aos sábados, no início da tarde, quando estão acordando os adolescentes médio-classistas. Nem tentem entender.É fútil e sem-graça. Um meio pelo qual se faz apologia a seus funcionários e programas. É um Video Show de botas e bombacha. Nem comento os patéticos apresentadores.
Tem o supra-sumo da chatice da tv brasileira e, quiçá, mundial: os especiais. Tem um que é pra mostrar os curtas produzidos no sul. Só lixo, histórias imbecis que não contam nada, não dizem nada, não refletem nada, nem mostram nada. Incrível como um trouxa com uma câmera pode fazer tanto estrago. É de chorar. Tem outro, no mesmo estilo, que mostra as lorotas que o povo do interior conta. Povo do interior é sempre visto como um ingênuo tão babaca que acredita em lobisomem, fantasma de um escravo morto e por aí vai. E sempre gente branca e limpinha falando. É interessante a quem estuda ver como alguns rituais de religiões africanas são abordados e mostrados. Mas nada supera o especial de Natal: histórias "reais" que o telespectador manda por carta, depois conta tête a tête, passa aos sábados, etc., etc., tudo regado a lágrimas e sotaque de Cazias. Pena o leitor não poder ver minha imitação dessas histórias (quando faço o sotaque de Cazias, até eu acho que estou possuída por um "gringo-velho", entidade dos cultos caucaso-brasileiros). Tudo começa assim: Naquele tempo a zente era criança, né, e os pais não tinham condições, né, de dar presente pra nós, né...e naquele ano...E aí vem uma historinha repetitiva, sempre envolvendo presentes e Papais-Noeis. Acho que os judeus donos da emissora não gostam do Natal, e promovem essa desabonação da data cristã de propósito. Deve ser um tipo de vingança pela histórica perseguição ao povo judeu. Se for, no balanço das contas, eles ainda devem 3 holocaustos e uns 450 anos de escravidão, só pela criação da RBS.
Ser gaúcho não é fácil. A criação do mito do gaúcho veio tarde demais, pela literatura. A nossa revolução mais alardeada foi uma farsa, o estado "celeiro do Brasil" é o pior em produtividade por manejo inadequado de terras, a governadora do estado processa o próprio vice e nossos homens têm fama de gays. Ainda por cima, temos a RBS.