terça-feira, 21 de julho de 2009

Os filhos dos outros

Quando eu era criança, mamãe dizia para eu não falar com pessoas estranhas na rua, nunca dar informações, como o meu nome, onde moro, onde trabalham meus pais ou se fico sozinha durante o dia (o que me acontece desde que tenho 9 anos)e sempre trancar a porta, sem jamais abrí-la para um desconhecido. Preciosas recomendações. Nunca fui atacada por nenhum pedófilo, ninguém assaltou minha casa, nem roubou a bolsa de cima do sofá. Porém, hoje os pais já não dão mais estes conselhos. Pelo menos nunca mais vi uma criança com essas recomendações. Amanhã mesmo puxo assunto com uma criança desconhecida, aposto todas as minhas fichas que ela me dá atenção e sai falando tudo que não deve.
Se na "vida real" o jogo é esse, na "vida virtual", então, nunca se jogou assim. Lembro de uma ex-parente que tinha uma sobrinha de 15 anos que ficou noiva pela internet: conheceu num dia, noivou no outro. E eu perguntei a minha ex-parente o que ela achava: "òtimo, melhor impossível, pela internet não tem perigo nenhum de nada acontecer, to muito aliviada com essa história". Acreditem, é verdade. E a mulher que diz isso era uma jovem e inteligente senhora. Parece que ainda não caiu a ficha dos pais da geração on-line. Só pra dar (mais)um exemplo, Danilo Gentilli, no CQC de 13 de julho acompanhou uma moça de 15 anos no MSN. É de cair o queixo! E muitos acham que não há perigo (olhe aqui). Pais também precisam de reciclagem. E nada daquilo de dizer que minha filha jamais tiraria a blusinha pra um desonhecido. Isso é virtualidade, a realidade é que qualquer menina cai na conversa de um FDP de um pedófilo, uma garotinha não tem condições de fugir das malhas da malícia de um homem mais velho, crápula e cafajeste. É melhor cairmos na real. E eu ainda nem sou mãe, pra quê mesmo to me preocupando com os filhos alheios?

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Shakespeare, Tamiflu e Edir Macedo

Não gosto, em geral, de produções de TV. Olho, mas não gosto, como todo o mundo. Mas tenho de dar o braço a torcer quando o assunto é Som e Fúria. Fernando Meirelles (Cidade de Deus, Ensaio Sobre a Cegueira, O Jardineiro Fiel)é diretor dessa obra televisiva não-clichê. Destaque para a personagem de Regina Casé, impossível não associá-la a tantas pessoas "da vida real". E o personagem que imita/parodia/debocha de Gerald Thomas? Contudo, Som e Fúria não é pra iniciados, pode ser apreciado (que termo esnobe) pelo público leigo (putz, eu to muito TFP hoje). Nem precisa conhecer Shakespeare! Vale a pena olhar. Soube que é uma adaptação a uma minissérie canadense. Ponto de novo. Tanta coisa pra se copiar e pegam um troço de qualidade. Quem diria! E fazem uma recriação muito boa.
Por falar em TV, entrei na página do BOL e ali tinha as mesmas notícias que passaram na Record, inclusive com o clássico da demência televisiva "A Fazenda". Grupo Record comprou o BOL? Não é por nada, sou leitora do Correio e ouvinte da Guaíba, mas tenho medo da lavagem cerebral que, por ventura, o Bispo Edir possa nos fazer.
Adoro teorias da conspiração. Mas estou custando a crer que ninguém ainda tenha levantado a hipótese (quase certeza) de que o laboratório Roche criuou o Vírus A(H1N1) pra vender o Tamiflu. Curioso como já existia um (e só um) remédio que cura a pessoa dessa gripe. Eu acredito nessas coisas. Olha a correria atrás do antigripal. Sempre que tenho que mexer na minha carteira, acho que tem alguém conspirando.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A política é um caminhão carregado de paralelepípedo

Não sei se vale a pena fazer política de um jeito competente e honesto, sem a menor intenção de ganhar votos e dinheiro. Falo da política que se faz no dia-a-dia, com as pessoas da família e com os conhecidos. Logo vi que os políticos não fazem política m... nenhuma. Fazer política cansa, esgota e deixa uma sensação amarga de missão nunca cumprida. Nenhum político que tenha um sorriso estampado no rosto, faz política. Política estressa, deprime. Pode ser que não deprima na Suíça ou na França, com exceção da sua direita ultra-radical, mas neste país, a política é de arrasar. Acordos secretos não cansam, dólar na cueca até diverte. Quero ver encarar o povo e meter-lhe na cabeça qualquer consciência cívica (isso não é um termo da ditabranda?), de direitos e de justiça, explicar-lhe a consequência de seus atos nos outros,dos atos dos outros na sua vida, mostrar-lhe a incoerência das coisas e o entrave que é toda a sua superstição frente aos acontecimentos do mundo, enfiar-lhe nos cornos uma idéia de civilidade e sociedade. Fazer o povo pensar, eis o que é política. Não me fale em encontros com o partido para definir pré-candidatos. Isso é maçonaria. Falar para meus iguais coisas que eles estão cansados de saber. (Definirmos entre nós o que nos será conveniente) Política não se faz nas câmaras, nem nos gabinetes. A verdadeira política a gente faz primeiro na gente, depois nos outros, cara-a-cara. Ando esgotada, chateada e pensando em abandonar a política. Algum imbecil, provavelmente um ocupante de cargo eletivo, diria que eu não tenho vida política para abandonar. Quanto se enganaria tal imbecil.