quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Lhama não existe, morcego não é mamífero

Olhem só. Essa semana estou dedicada a homenagear as intituições de minha educação formal. Então, vou contar uma historinha sobre minha primeira série, seguida de uma historinha da minha terceira série.
Na primeira série eu estava com uma bolsa de estudo numa escola de confissão católica. Era a mais pobrezinha das crianças da escola inteira. Isso me incomodava um pouco, mas como quando a gente é criança o que importa é ser feliz, não chegava a ser um pesadelo. Porém, essa bolsa foi concedida para mim mediante um teste. Fiz vestibulinho pra entrar naquele colégio. Passei com nota dez! Sim, havia isso também, ou vocês acham que filho de pobre estudaria na única escola particular da cidade se tivesse educação de pobre? Educação de pobre significava não ter dinheiro pra cursar o pré ou frequentar escolinhas infantis e ter uma família com poucos recursos pedagógicos. Mas, felizmente (ou não),minha mãe conseguiu me dar um incentivo bom nessa história de aprendizado. Enfim, passei com louvor e ingressei aos 6 anos na primeira série. No meio do ano, aprendi (de mentirinha porque eu já sabia muito bem) o "lh". A professora de então pediu palavras com lh. Lá foi a linda menina loira e de olhos azuis escrever a única palavra que conhecia começando com lh: lhama. Pronto. Bastou para que eu descobrisse que a professora sabia menos que eu. Juro. Ela disse que lhama não existia. É um bicho, tia. Não, não tenta me enganar, não existe essa palavra. Sentei desolada na minha carteira, pela primeira vez, tendo de repetir o exercício. Cheguei em casa e conferi num livro de geografia: lhama, animal que vive na américa do sul e central. Parece um dromedariozinho.
Mas o pior está por vir. Na terceira série o contexto era outro. Perdi minha bolsa na escola e não conseguia vaga em lugar nenhum. Lembro das mães passando a madrugada nas filas pra conseguir vaga nas escolas públicas, caso contrário, a gente perdia o ano! Minha pobre mãe consegui uma vaga na periferia. Um colégio municipal esquecido por tudo e todos. Ninguém sabe o que eu passei no meio ano que estudei lá. Que horror. Mas o pior era a professora. Pra encurtar a história, citei, durante um exercício de ciências, o morcego como mamífero. Sim, engulam essa. A sábia mestra riu e corrigiu essa que naquela época era uma menina indigesta, quase uma azeitona com caroço. Fiquei fula. Eu era persegida pra c$%$&¨naquela escola, todo o mundo esperava um escorregão meu. Tinha 8 anos e sabia mais que a grande mestra. Não saber àquela altura da vida que morcego é mamífero me choca ainda hoje.
Mas, no meio do ano, fui transferida para uma escolinha muito simpática, pertinho de casa. Pública, é claro. Estadual. Lá a coisa funcionava melhor. Minha prof era muito boa. Mas a explicação sobre o comunismo merece um post a parte.
Nem na melhor escola da cidade, nem na pior, havia gente boa o suficiente pra poder avaliar esta que vos posta. Afff
Tá bom, bem menos.

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